sexta-feira, 4 de outubro de 2013

FÊMEA - COMPORTAMENTO X REPRODUÇÃO

O que me motivou a escrever sobre o tema de hoje foi uma pergunta que me foi feita por um estudante de medicina veterinária a respeito do comportamento da fêmea em relação à reprodução. Existem poucas fontes bibliográficas disponíveis a respeito do tema, e as existentes enfocam mais a questão hormonal do que comportamental. Por este motivo, tentarei ser breve, pontual e direto com relação a características que são relevantes dentro deste assunto.
 
A maioria dos estudos aponta como membros dominantes nas manadas as éguas e não garanhões. Quase sempre essa liderança é exercida pela égua mais velha e mais experiente do grupo. Sabe-se, também, que existe uma hierarquia com relação às demais éguas da manada. Esta, ditada por afinidade com a líder e pela idade dos indivíduos.
 
Alguns pesquisadores observaram as éguas hierarquicamente superiores e mais antigas podem impedir a cobertura das mais jovens. Esta pode ser uma das razões pelas quais a taxa de nascimentos das éguas mais jovens é inferior em comparação com as éguas mais velhas em cavalos selvagens.
 
Observações concluem também que as éguas demonstram mais os sinais de cio na presença de um macho inteiro do que em um grupo onde este indivíduo é ausente. Inicialmente a aproximação e primeiras interações entre macho e fêmea ocorrem por iniciativa da fêmea. Conforme o ciclo entra na fase ovulatória, o macho gradativamente vai tomando a iniciativa.
 
Fêmeas e garanhões interagem através de contatos visuais e olfativos principalmente. As fezes, a urina e a postura de erguer a cauda e apresentar os posteriores aos machos enquanto pastam são indicativos de que a égua está se aproximando do período de cio. Este último é tido como o ato que desencadeia o interesse sexual do macho.
 
A égua tem dois comportamentos antagônicos durante o estro, apresentados em diferentes momentos. No primeiro, no início do cio, apresenta interesse pelo macho à distância, mas é avessa à aproximação e contato físico com o macho. Este comportamento muda a medida que se aproxima o período da ovulação.
 
A fêmea é quem dita o momento correto da cópula, permitindo a mesma pelo macho. Mesmo no período correto para a monta, macho e fêmea podem apresentar ações agressivas para com o outro. Coices, mordidas, relinchos são comportamentos naturais e esperados da cópula.
 
Os modelos de comportamento sexual são influenciados por fatores individuais (genética, experiência) e pelo ambiente. O estresse é um fator que pode alterar e inibir o cio das éguas. Idade, pelagem, tamanho, lactação, potro ao pé e proximidade da ovulação podem interferir no interesse sexual do macho.
 
A contenção física da fêmea, que visa preservar a integridade do macho, acaba por limitar a movimentação por parte da égua, e a aproximação do macho por trás da fêmea (e não pela frente, como ocorre na monta natural) são fatores que podem acarretar problemas para machos jovens e/ou com baixa libido, submetidos a monta controlada. Pequenos ajustes no manejo reprodutivo podem solucionar estes problemas.
 
Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço.