sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NOÇÕES BÁSICAS DE COMPORTAMENTO HUMANO NO MANEJO COM EQUINOS

Acredito que todos que trabalham e convivem com equinos já vivenciaram ou presenciaram uma situação onde o cavalo apresentou um comportamento ruim DO NADA! Este é um dos maiores erros de conceito na relação homem x cavalo...

O comportamento da espécie equina é, em situações normais (sem traumas), previsível. Cavalos são animais fugidores. E como tal, não é de sua natureza propor uma ação. Em vez disso, reagem a uma ação proposta pelo homem.

Quero dizer, com isso, que nenhuma reação do cavalo ocorre sem motivo. O que acontece, muitas vezes, é que propomos uma ação involuntariamente, por não entender o modo como os cavalos nos interpretam.

Oscar Scarpati defende que o cavalo é mestre no comportamento humano. De fato, os equinos dominam totalmente nossa linguagem corporal, sentem o cheiro do nosso medo e podem captar nossa energia.

Sendo assim, nossa postura frente a um cavalo será determinante para o sucesso do manejo que pretendemos. Precisamos agir como um membro hierarquicamente acima dele para que possamos liderar a situação.

Isso não significa usar violência, mas sim atitudes firmes e decididas, com confiança e respeito. Gestos tranquilos e calmos, porém constantes, demonstram confiança e ausência de medo da nossa parte. Isso ajuda o cavalo a confiar e não temer também.

Ao mesmo tempo, pense no que vai fazer. Pode parecer um tanto louco ou absurdo, mas pensar no que está fazendo ajuda na linguagem corporal involuntária. Ou seja, o fato de desempenharmos uma ação pensando que vamos desempenhá-la ajuda nosso corpo a passar uma série de sinais corporais que avisam os cavalos da intenção que temos.

Respire fundo! Respiração trancada é sinal de tensão. O ato de respirar relaxa o corpo e diminui a frequência cardíaca. O cavalo consegue ajustar estas frequências dele às nossas, ou seja, se o humano está tenso, o cavalo também ficará. 

Faça pausas estratégicas durante os trabalhos. Durante alguns segundos, tire toda a pressão do cavalo. Isso permitirá que o cavalo pense e firme melhor o aprendizado.

As melhores recompensas para o cavalo são a pausa no trabalho e o alívio da pressão. Isso significa, para ele, economia de energia, que é vital para sua sobrevivência (instinto).

O cavalo aprende por repetição. Mas cuidado, a rotina os estressa também! Mudar o exercício ou manejo quando o cavalo acertar é mais válido do que repetir à exaustão.

Grandes treinadores defendem que quando um cavalo desempenhar uma reação ou exercício de maneira satisfatória por 3 vezes, é sinal de que aprendeu e fixou o solicitado, e que a partir daí a repetição se torna maléfica. Há ainda, treinadores que falam que apenas 1 vez bem desempenhado, com entrega por parte do cavalo, é suficiente!

Jango Salgado defende que devemos permitir ao cavalo o direito de errar! Segundo ele, oportunizar o erro por parte do cavalo é a melhor forma de mostrarmos a ele o que desejamos que ele faça!

O manejo e treinamento de equinos é uma escalada. E como Jango diz, mais gostoso do que chegar ao topo, deve ser desfrutar cada centímetro conquistado na escalada. A arte de ensinar cavalos está no fato de pedir o que eles podem nos dar, e a partir disso, aumentar progressivamente a exigência.

Confiança e liderança se conquista, não se impõe com violência. Cada cavalo tem seu tempo para aprender e para confiar. Respeitar este tempo é o modo mais rápido, seguro e eficaz de manejar equinos. Vamos devagar, porque temos pressa!

Por este motivo que o manejo e treinamento de cavalo é avesso a formulas e receitas. Não existem métodos fixos e número de treinamentos e repetições que sirvam para todos os cavalos. Devemos pensar em equinos individualmente.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

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