quarta-feira, 27 de junho de 2012

BEM-ESTAR EM EQUINOS: UTOPIA OU REALIDADE?


Muito se fala atualmente em bem-estar na criação e manejo das mais diversas espécies animais. Com o  cavalo não é diferente. Mas qual é o significado de bem-estar? Será que estamos empregando este conceito da maneira correta? E os benefícios, são palpáveis e mensuráveis?

Bem-estar, no meu ponto de vista, é um conjunto de estados de saúde física, mental e natural, que devem ser avaliados sempre combinados. Em outras palavras, o bem-estar compreende a satisfação das necessidades fisiológicas básicas, juntamente com as necessidades comportamentais para a manutenção da vida em determinada espécie.

Mas como medir, quantificar e qualificar o bem-estar? O Conselho do Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido (Farm Animal Welfare Council – FAWC) criou um método para esta finalidade, baseado em 5 liberdades. Segundo a FAWC, o animal tem de estar livre de: FOME/SEDE, DESCONFORTOS, DOR/DOENÇA/FERIMENTOS, MEDOS/ANGUSTIAS e livre para EXPRESSAR COMPORTAMENTO NATURAL da espécie.

Então quer dizer que um animal criado em confinamento não terá um nível satisfatório de bem-estar? Na minha concepção essa posição é excessivamente radical. Defendo que é possível sim criar animais em sistemas de confinamento, e que simples medidas podem dar mais conforto e bem-estar aos animais submetidos a este tipo de criação.

Ordenar a disposição dos cavalos nas baias vizinhas pela hierarquia deles em vez de fazê-lo pela importância econômica, adequar a disponibilidade de água e aumentar a quantidade de refeições diárias, diminuindo a quantidade de concentrado e aumentar a de volumoso por refeição e permitir o contato visual, olfativo e de tato entre os animais são medidas que podem reduzir a incidência de patologias e estresse, contribuindo assim para o bem-estar.

Quando nos dispomos a criar cavalos, devemos ter a ideia clara de que é uma espécie que necessita espaço para movimentação. E que esta é essencial para o bom funcionamento do trato digestivo e da circulação dos equinos. A restrição ao exercício estressa os cavalos, diminui o peristaltismo e desencadeia patologias comportamentais.

Existe aqui um conflito causado por um fator muito relevante da criação: a busca pela PRODUTIVIDADE. Em geral, os fatores que geram produtividade não levam em conta o bem-estar. São baseados apenas em redução de custos e aumento de lucros.

Ocorre que, falando em equinos, essa conta muda um pouco. A reprodução está ligada ao estresse e à saúde física. Mas onde mais se nota essa relação é com relação ao cavalo de esporte, onde o bem-estar está intimamente ligado ao DESEMPENHO em pista. Estresse, distúrbios de comportamento e saúde física são decisivos no sucesso dos cavalos de competição.

Seguindo este pensamento, se pode concluir que os benefícios do bem-estar podem ser mensuráveis com base na avaliação do desempenho em pista desses animais, uma vez que a plenitude funcional somente será atingida com um manejo baseado no bem-estar. Alem disso, o bem-estar está impresso também na questão comportamental deste indivíduo, o qual é avaliado (e penalizado em caso de mau comportamento e reações) nas mais diversas provas que avaliam função, independente da raça.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

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