segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

COMPORTAMENTO ESTEREOTIPADO

Quem convive frequentemente com cavalos certamente já observou alguns comportamentos aberrantes desta espécie, especialmente quando submetidos a sistemas de confinamento como estábulos.

Animais que "dançam" ou caminham sem parar na baia e até mesmo no pendurico, cavalos que passam grande parte do tempo mordendo e roendo as partes de madeira da cocheira (e cochos), equinos que praticam coprofagia (comem suas fezes) e animais que desenvolvem aerofagia (engolem ar) são os exemplos mais comuns de uma classe de distúrbios denominada Comportamento Estereotipado.

Definidos por McDonnel (1999) como movimentos repetitivos, estilizados, aparentemente sem função, realizados por animais de vida livre que são domesticados (leia-se estabulados), tais comportamentos tem como causa principal o estresse gerado pelo tédio de horas e horas de cocheira com tempo ocioso. Até aí nenhuma novidade, nada de diferente do que foi dito neste outro post . O que difere esta classe de distúrbios de comportamento é o fato de que são incuráveis, ou seja, uma vez que o cavalo adquire tais hábitos, eles não desaparecem mesmo com a readequação do manejo!

E por que são incuráveis? Porque são uma adaptação fisiológica do indivíduo frente a uma nova situação de ambiente restrito e tempo ocioso. O organismo do cavalo se adapta à esta situação que lhe é imposta para poder adequar o estresse a níveis suportáveis pelo animal. Em outras palavras, equinos com comportamento estereotipado tem níveis de estresse mais próximos aos normais em relação a cavalos que não desenvolvem tal distúrbio e que são submetidos à mesma situação de confinamento.

Mas então estes distúrbios são bons para o cavalo? Não! São adaptações que apresentam efeitos colaterais de diferentes graus, que podem ser extremamente danosos aos animais. Além disso, o desempenho destes animais SEMPRE será inferior ao seu potencial sem o distúrbio.

Animais que mordem madeira o dia inteiro tendem a ter um maior desgaste dentário, o que diminuirá fatalmente sua vida útil. Cavalos que não param de caminhar ou dançar estão sempre em atividade, não descansam. Isso faz com que já entrem desgastados em provas, trabalhos e para um passeio. A aerofagia é tida como um dos fatores predisponentes da Síndrome do Abdômen Agudo, conhecida por CÓLICA!

Mas então... o que fazer? Se não apresentar ainda o comportamento estereotipado, devemos atentar para a prevenção. Reduzir o tédio, aumentar a ocupação, proporcionar a distração ao animal. Se já apresentar algum destes distúrbios, com a readequação do manejo e a utilização de algumas técnicas específicas é possível melhorar a qualidade de vida do animal e reduzir tal comportamento, ainda que a cura total não seja possível.

Devemos lembrar que a criação desta espécie exige alguns cuidados especiais como espaço e instalações adequadas, juntamente com um manejo correto e que leva em conta o bem-estar animal.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!




Bibliografia: MCDONNEL, S. Understanding Horse Behavior: Your Guide to Horse Health Care and Management. Lexington: The Blood Horse, 1999.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

SOBRE O CURSO DE DOMA...


Volto do Curso de Doma Baqueana, no Uruguai, com uma bagagem muito maior do que levei. Bagagem boa, que não se paga por excesso... CONHECIMENTO! EXPERIÊNCIA! 

Passei uma semana dormindo em um rancho construído de barro, com telhado de palha, na companhia do Martin Ochoteco e de três cavalos árabes, machos, inteiros, de cerca de 5 anos.

O calor durante o final da manha e início da tarde era insuportável, além disso Martin defende que os animais ficam mais tranquilos a noite, e neste horário existem menos distrações para o domador e para o cavalo. Por isso, nossas aulas ocorriam desde o final da tarde até o amanhecer.

A Doma Baqueana, de Martin Ochoteco é como uma derivação da Doma Índia, com outros recursos implementados ao longo dos 20 anos trabalhando como domador. Baseia-se, esta doma, em princípios como PACIÊNCIA, RESPEITO, SENSIBILIDADE E RECOMPENSA.

Existem algumas diferenças técnicas muito importantes dessa doma para as outras que eu tinha contato até então, porém a linguagem corporal é praticamente a mesma.

Além do aprendizado técnico sobre a doma, a experiência de vida foi realmente maravilhosa. Fiz grande amizade com Martin, e o tempo que passamos juntos nos permitiu muitas conversas a respeito do tema. Descobrimos pontos de vista e modos de pensar muito parecidos. 

Em resumo, volto com mais conhecimento, mais experiência, com mais recursos para manejar cavalos e com uma grande amizade com um dos melhores domadores da América! 

Que venham novos cavalos!!!


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

CURSO DE DOMA BAQUEANA!!!

Amanhã embarco rumo a José Ignácio (UY) para um curso de Doma Índia, que será ministrado por Martín Ochoteco. Serão 7 dias de curso, teórico e prático! A expectativa é enorme em ampliar o conhecimento com esta técnica que ainda é pouco conhecida no Brasil. Acho improvável que consiga postar durante o curso, mas vou tentar! De qualquer forma, sigam mandando perguntas, comentários e sugestões que colocarei tudo em dia assim que voltar de lá! Um abraço a todos!


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

QUAL É O LIMITE DO CAVALO?

Alguns dias atrás o Cesar Zabiela, de Amaral Ferrador, me fez o seguinte pedido: 
"Ontem aqui um guri perdeu um cavalo correndo égua no campo. O cavalo deu tudo e não se recuperou e o guri ficou num canto de campo que a gente não via. Quando chegamos lá o cavalo já tinha morrido.
Se der para falar um pouco sobre isso, muita gente não sabe o limite do cavalo e menos ainda o que fazer nessas horas. Forte abraço."

Para uma avaliação correta e precisa do que acometeu este cavalo, obrigatoriamente um exame clínico (quando vivo) ou uma necropsia seriam necessários. Existem algumas patologias causadas pelo excesso de exercício que cursam com sintomatologia parecida, tais como exaustão muscular e rabdomiólise.

Mas porque abordar este assunto em um blog sobre comportamento? Porque o comportamento é a base para compreensão de tudo o que envolve o cavalo. Explico:

Como já citei anteriormente, as principais causas deste tipo de patologias são o excesso de atividade física ou a falta de condicionamento físico. Lembra que eu contei neste post que o cavalo tem instinto de presa e neste outro post que o cavalo é muito generoso? Pois bem, estas duas características geram uma terceira, muito perigosa: os equinos, ao contrário dos humanos, não associam a dor ao sofrimento. De maneira que, quando perseguidos (em natureza) ou quando solicitados (domesticados) eles não medirão esforços, seja para salvar a própria vida, seja para satisfazer a vontade do dono.

A diferença está no fato de que em natureza este animal passa o dia inteiro livre, caminhando e brincando, o que lhe dá condicionamento físico. Para animais domesticados e principalmente estabulados, é responsabilidade do proprietário atentar para o bom condicionamento físico do equino. Definitivamente, cavalo gordo não é cavalo bem condicionado.

Essas patologias são muito comuns em cavalgadas, quando os proprietários de final de semana buscam seus cavalos nas hotelarias ou sítios, embarcam em um caminhão e simplesmente bota o cavalo para andar 20, 30, 40 quilômetros com encilha e mais o peso da pessoa em cima. Na cavalgada do mar, essas distâncias ainda são percorridas na areia, o que necessita mais esforço físico por parte do cavalo.

Este tipo de patologia geralmente é de curso rápido, agudo. Isso significa que os sinais aparecem subitamente, o que torna mais fácil a prevenção do que a remediação.

Para prevenir é fácil... exercite regularmente seu animal. Se o objetivo é uma cavalgada de 30km diários, comece um trabalho mais focado cerca de 30 ou 40 dias antes, onde progressivamente se aumente a distância percorrida e o grau de dificuldade do terreno. Não consegue programar com antecedência os eventos? MANTENHA SEU ANIMAL SEMPRE BEM CONDICIONADO! É necessário lembrar que esta é uma das responsabilidades de quem almeja ter um animal, e deve ser levada em conta na hora da aquisição. 

Para remediar esta situação é mais complicado, e sempre haverá a necessidade da presença de um Médico Veterinário para o tratamento, que inclui fluidoterapia, fenilbutazona, e repouso, além de medicamentos específicos para cada patologia e cada indivíduo.

Uma dica importante: Permita ao animal beber água em quantidades moderadas porém em diversas vezes durante e após o exercício. E em um caso como este acima citado, jamais dê água a vontade ou em quantidades superiores a 10 litros em uma única vez. Permita ao animal beber 2 baldes de 5 litros, espere cerca de 15 minutos e repita a quantidade. 


Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!



domingo, 8 de janeiro de 2012

QUAL É A ORIGEM DOS DESVIOS COMPORTAMENTAIS?

Qual é a origem dos desvios de comportamento dos equinos? Basicamente são 2: o estresse e o homem.

Em vida livre, os cavalos passam a maior parte do tempo pastando e se relacionando com outros cavalos, com brincadeiras e cuidados mútuos que reforçam as posições na hierarquia. Equinos comem grande quantidade de volumoso (pasto) em vida livre. Seu sistema gastrointestinal é adaptado para este tipo de alimentação.

Quando estabulamos um cavalo, limitamos as opções de distração deste animal. A opção da escolha permite aos equinos desenvolver importantes comportamentos da espécie.

Como as baias são individuais, não se permite o contato físico entre os animais, o que impede um comportamento natural essencial para esta espécie: a sociabilidade. Os cavalos em vida livre se relacionam em pequenos grupos, por afinidade. Quando estabulamos os animais, não se respeita essas formações. Fato este que faz com que convivam próximos animais que em natureza não se relacionariam. Animais muito dominantes ou muito submissos merecem atenção especial neste momento, pois sofrerão de estresse crônico e gerarão este estresse nos demais cavalos a sua volta.

Os alimentos concentrados (rações) requerem uma décima parte do tempo de alimentação em relação a uma dieta exclusivamente volumosa (pasto). Este fato gera um tempo ocioso dentro da baia, onde o animal não tem o que fazer, gerando o tédio. Este, por sua vez, gera estresse.

Em resumo, o confinamento, a falta de exercício, o consumo rápido do alimento concentrado, a falta de estímulo ambiental, o isolamento e o agrupamento artificial com animais não compatíveis são os principais fatores desencadeantes de estresse, que levam ao desenvolvimento dos desvios de comportamento. Estes distúrbios são adaptações ao ambiente de confinamento imposto pelo homem. São efeitos colaterais do sistema de estábulo.

Mas o que podemos fazer para melhorar esta questão? Não há mágica, nem formulas prontas. Mas toda a prevenção e remediação de tais problemas deve ser baseada em 3 fatores: possibilitar movimentação diária, contato físico agradável entre os cavalos e oferecer grandes quantidades de volumoso nos intervalos das refeições com concentrados.

O bem-estar dos cavalos contempla o suprimento das necessidades fisiológicas, seguidas pelas necessidades comportamentais dessa espécie. E deve levar em conta o manejo saudável, juntamente com instalações adequadas, que possibilitem o cumprimento das questões discutidas acima.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

"TU NUNCA BATEU EM UM CAVALO?"

Quando eu apresentei meu Trabalho de Conclusão de Curso, sobre manejo e comportamento equino, um dos membros da minha banca fez uma pergunta que me chamou muito atenção: "Tu nunca bateu em um cavalo?" Compartilho aqui minha resposta.

Sim! Já bati incontáveis vezes. A maioria delas por desinformação, por falta de recursos e por frustrações quando não obtive a resposta que eu queria por parte dos cavalos.

Na medida em que fui aprendendo sobre o comportamento equino e conforme fui me especializando com cursos, palestras e experiência com cavalos, as situações onde eu batia foram diminuindo. Deram lugar a ações mais efetivas e mais seguras.

Eu penso que a grande maioria bate pelos mesmos motivos que eu batia, e não por maldade. E na medida que aprendem outro modo de conduzir as coisas, bater deixa de ser a opção natural para essas situações.

Ocorre que o equino é um animal muito generoso. Mesmo apanhando ele vai tentar satisfazer nossa vontade. É da natureza do cavalo ser assim. Por isso que o tapa também funciona, apesar de demorar mais e ter o risco do revide.

Outra pergunta que me vem à cabeça é: "bater é mesmo necessário?" A resposta é sim, mas em apenas duas situações. Explico: Quando a ignorância humana não permite o aprendizado de qualquer outro método de condução das situações e quando os humanos apresentam uma necessidade de auto-afirmação, e para isso usam e abusam de qualquer ser mais frágil, mais dócil ou até mesmo mais generoso. Em ambas as situações, quem agride o cavalo, geralmente também o faz com os filhos e com a mulher. 

Salvo essas duas situações, a resposta é não! Não é necessário bater! É necessário estudar e praticar para que se aprenda a pedir as coisas no lugar da imposição. Porque sempre será melhor ter um aliado, alguém que tem prazer de estar contigo, do que ter um animal com medo, que na primeira oportunidade vai te deixar na mão. 

Lembremos que um cavalo é mais ágil, mais forte e mais pesado do que um humano. E generosidade não brota do além. Não é racionalmente aceitável correr tamanho risco, tendo a possibilidade de fazer de outra forma.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CASO DA BRUNA KLEIN SIQUEIRA - Porto Alegre-RS

''Comprei um cavalo a cerca de um mês. Meu cavalo até já está vindo quando eu chamo ele, mas sempre que chamo ele levo uma cenoura. Ontem eu fui lá ver ele e ele veio, comeu a cenoura e quando ele viu que eu não tinha mais virou as costas e continuou pastando...
Estou fazendo certo para ganhar a confiança dele, ou estou fazendo errado?''

Bruna, esse assunto é um tanto polêmico. Existem profissionais que aprovam e outros que desaprovam esta atitude. Eu condeno o uso de alimento para ganhar a atenção dos animais, e explico agora os motivos:

O primeiro ponto negativo, na minha visão, é que o cavalo tem pensamento associativo. Ele vai te associar à comida e este será o único interesse dele. Prova disso é o fato que tu mesmo mencionou, que quando acaba a cenoura acaba também o interesse dele em ti. O que devemos buscar sempre é a liderança frente ao animal, e não comprá-lo com comida, pois a relação criada aí é de interesse e não leal como deve ser.

Outro ponto negativo é que o fato de que dar o alimento aos animais nas nossas mãos pode desencadear o ato de morder. Não é raro que animais que recebem ''agrados'' desta forma comecem a procurar a mão do tratador com a boca. Fato que pode ser perigoso, uma vez que o cavalo tem uma força muito grande na mordida e pode facilmente amputar um dedo humano com uma mordida.

Eu acredito que o alimento como forma de agrado aos animais pode ter bom efeito quando dado após um trabalho ou dentro da cocheira em um momento que não anteceda o trabalho. Assim o alimento pode funcionar como mimo e não como fator motivador maior da relação.

Os adestradores utilizam por vezes alimentos para solicitar exercícios e manobras com alto grau de dificuldade, que são muito complexos ao cavalo. Mas são casos especiais e fogem à relação que pretendemos com nossos cavalos de estimação.

Devemos ser capazes de pegar nosso cavalo a qualquer momento. Quando se associa a aproximação com o  animal ao alimento, esta somente será possível com o alimento. Fato que causará problemas o dia que por algum motivo não tenhamos o agrado.

Penso que no teu caso, como a aquisição é recente, precisamos estabelecer melhor a relação com o cavalo com convívio e definição de hierarquia. A partir daí ele te reconhecerá e permitirá não só a aproximação como todo o manuseio desejado.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

CASO DA STELLA JULIANO - Rio Grande-RS

  " O caso é o seguinte, tenho uma égua que está a 2 meses na cocheira, sendo amanuseada com a maior calma do mundo, sem gritos, sem bater ou qualquer coisa do tipo, e não tem jeito dela se acalmar, ela não deixa ninguém chegar perto, não deixa nem colocar ração na cocheira.
   Ela sai de manhã da cocheira, volta ao meio dia, sai de novo as 14 e depois volta de tardezinha. Nos períodos que fica fora, fica soga. Hoje mesmo fui tirar ela da soga, ela vinha traquila do meu lado e do nada me deu uma mordida no braço. Só que não é comigo, é com todos! O outro que tentou domar ela me devolveu, disse que não tinha como.
  Eu vou todos os dias na cabanha. Escovo, solto um pouco e mesmo assim ela não cede. Só que é uma égua muito grande e não tem como não ter medo. Juro que não quero desistir dela, mas to case..."

  Este relato exemplifica bem como os pequenos fracassos no manejo diário com os animais levam a frustrações que, com o passar do tempo, terminam com a desistência da criação deste cavalo.

  Embora seja embora seja muito difícil avaliar um animal sem mexer com ele e sem ver a forma que tu mexe com ele, eu identifiquei algumas coisas que podem estar influenciando na criação da tua égua. Vamos lá...

  O primeiro ponto é a questão do medo. O cavalo precisa confiar em ti para te ter como líder. Ele vai buscar segurança em ti. O fato de tu ter medo impede de ele ter segurança, impede que ele tenha confiança em ti, e a base de liderança fica impossibilitada.

  Já ouviu aquele dito que diz que " O cavalo sente quando agente está com medo"? Pois bem, ele foi cientificamente comprovado! Em situações de medo e agressividade, nosso organismo libera adrenalina. O cavalo é capaz de sentir o cheiro desse adrenalina liberada!

  Outro ponto é o ato de morder. Cavalos mordem por natureza. É uma forma natural de manter seu espaço. Ocorre que jamais mordem o líder, pois este pode invadir o espeço dos outros, por sua posição hierárquica. é necessário cuidado ao avaliar se o cavalo morde porque tem um distúrbio comportamental ou apenas o faz instintivamente. No te caso, aparece a segunda opção. Como teu medo não permite a liderança e tu invade o espaço dela, a reação é a mordida.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um Abraço. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE O COMPORTAMENTO EQUINO...

Cavalos são animais de vida gregária, ou seja, a sociabilidade é uma necessidade etológica dessa espécie. A base da relação entre os cavalos é a hierarquia, onde a líder é a fêmea alfa. É ela quem comanda o caminho percorrido pela manada, rumo à água e pastagem. O garanhão tem apenas funções reprodutivas e de proteção do harém.

Os equinos apresentam os sentidos de visão, audição e olfato muito bem desenvolvidos. É muito importante a compreensão dessas características, uma vez que elas influenciam diretamente no manejo com esses animais. 

Os sinais de medo, submissão, ameaça, atenção e desconforto são transmitidos visualmente, através da linguagem corporal. Já o reconhecimento entre os animais é feito basicamente através do olfato, por contato naso-nasal. A audição está relacionada com a identificação de riscos em natureza. Além disso, os equinos podem reconhecer as pessoas também pela voz.

O comportamento equino é baseado em 3 fatores: Genéticos, Aprendizado e a Personalidade.

Os fatores genéticos são resultado da seleção natural da espécie. Estão impressos no DNA dos animais. A linguagem corporal é um exemplo dessa classe. É comum a todos os cavalos.

O aprendizado é baseado nas experiências vividas pelo animal. Cavalos respondem frente a uma situação de acordo com o risco corrido em situações similares anteriormente experimentadas. Esse fator é importante para o manejo dos equinos, uma vez que um procedimento repetido de maneira correta diversas vezes tende a acostumar e dar confiança aos animais, e torna mais fácil e mais seguro tal procedimento.

A personallidade é individual. Facilmente se identifica cavalos mais ou menos sociáveis, animais tímidos e ainda aqueles extremamente dominantes ou submissos.

Os cavalos tem uma grande capacidade de adaptação e são muito generosos. São essas as principais características que permitiram a domesticação e utilização destes animais.

No habitat natural, os cavalos desempenham o papel de presa na cadeia alimentar. Por isso, sua principal defesa é a fuga. Foram geneticamente selecionados para fugir primeiro e depois perguntar se realmente existia a necessidade para tal.

Apesar disso, essa espécie também foi selecionada para avaliar, em um segundo momento, sobre o risco de cada situação. A explicação disso está no fato de que, como presas, necessitam poupar energia para as situações que de fato precisem de fuga. É por isso que os cavalos são tão curiosos!

Essas características e particularidades da espécie equina devem ser levadas em conta para qualquer tipo de manejo que se pretenda com os cavalos. O correto entendimento destes fatores proporciona um manejo mais seguro e mais prático, com economia de tempo e diminuição dos riscos que envolvem essas atividades.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

APRESENTAÇÃO!!!

Adquirir um cavalo como animal de estimação é uma prática cada vez mais comum entre os amantes de animais. Porém, a criação dessa espécie requer alguns conhecimentos específicos, bem como alguns cuidados especiais, para que a imensa satisfação que a relação com cavalos proporciona não se transforme em sucessivas frustrações.
Noções básicas de nutrição, anatomia, fisiologia e comportamento equino são essenciais para um bom proveito dessa relação.
Este blog tem por objetivo esclarecer aspectos comportamentais desta espécie, relacionando-os com questões técnicas, a fim de garantir que sejam respeitadas as necessidades fisiológicas dos cavalos, levando em conta o bem-estar animal.
Os assuntos aqui abordados serão embasados com a minha experiência com cavalos, no conhecimento técnico adquirido ao longo da faculdade de Medicina Veterinária e em bibliografias diversas sobre o assunto.
Os temas das publicações serão baseados em sugestões e dúvidas que chegam a mim constantemente.
Bem Vindos!!!